sexta-feira, 27 de junho de 2008

1958 50 anos do 1º titulo mundial


O telefone de Dino Sani toca sem parar. Faz 50 anos que o Brasil levantou sua primeira taça em uma Copa do Mundo e a efeméride faz com que as estrelas da conquista reapareçam para o público. As lembranças deste volante, um dos melhores que o futebol nacional viu brotar, já não são as mesmas. Mas de uma coisa Dino tem certeza: a glória na Suécia é até hoje a mais importante da seleção brasileira. - A Copa de 58 é a mais importante de todas. É a primeira, o início de tudo. Hoje é normal o Brasil vencer, mas aquele título é especial. Além do mais, ganhamos na Europa. Pena que já foi… - diz o ex-volante, lamentando os anos em que ficou no ostracismo.

. Clique aqui e confira o site especial da Copa de 1958 Aos 76 anos, Dino Sani tem pouquíssimas memórias do jogo final, diante da Suécia. - Faz 50 anos, né? A gente fica esquecido tanto tempo, mas agora é entrevista todo dia. O telefone toca o tempo todo, o mês inteiro. Eu fui campeão do mundo, e essa é a lembrança que eu guardo. Do jogo mesmo eu não me recordo de nada, nenhuma jogada. Só se eu pegar algum video. Só me toquei que já faz 50 anos quando começaram a me ligar. O povo só lembra mesmo é da última conquista sempre, que é a que fica na cabeça – conta, resignado.


A Copa de 58 fez o mundo descobrir o Brasil. E o sucesso na competição foi fruto de um trabalho organizado, para compensar a bagunça das edições anteriores. A intenção nem era mais vencer, mas sim ter um bom desempenho para apagar as más impressões de 50 e 54. - Foi a primeira vez que tudo foi feito de uma forma decente. Tínhamos dentista e até psicólogo. Nós fazíamos testes em um papel antes das partidas. Entregávamos a folha para o médico e aí ele se virava – lembra Dino. A tarefa era semelhante ao que hoje é aplicado aos aspirantes a motoristas.
Um psico-teste, onde era necessário completar desenhos e equações. Um dentista no meio da delegação também era novidade. - Eu não precisei arrancar nenhum dente, mas vários jogadores perderam os dentes e colocaram até dentadura – explica.
Dino Sani foi campeão mundial com um dos melhores meio-de-campo da história, com Vavá e Didi, que esbanjavam elegância no campo quando atuavam. Hoje, o ex-volante lamenta a falta de qualidade no setor de criação da seleção de Dunga. - Tem jogador que simplesmente não pode usar a camisa da seleção. Nosso futebol está triste e muito ruim tecnicamente. Hoje, o que nós vemos são gladiadores e pedreiros no nosso meio-campo. Arrancaram o coração da seleção e mataram o Brasil – desabafa. Por isso, uma ausência em um Mundial, algo inédito para o Brasil desde a criação do torneio, serviria, na visão de Dino, um bom remédio para acabar com a impáfia do futebol brasileiro. - Bobeia para ver se o Brasil não fica fora da Copa. Mas eu acho até bom, porque eles serão obrigados a tomar jeito. Na minha época, jogo contra a Venezuela a gente vencia de seis, sete, nove… É brincadeira? Se nós ficarmos fora do próximo Mundial, seremos obrigados a mudar o que está aí – finaliza.

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